Já vos tinha dito (e demonstrado) que não sou muito "boa da moleirinha", não já?!
Ao contrário da grande maioria dos mortais, eu nunca gostei do meu dia de anos...
Quem me conhece talvez nunca tenha desconfiado, mas de facto não gosto mesmo nada de ser o "centro das atenções" e no dia de aniversário é muito difícil escapar a isso...
Não é que seja tímida (nem nada que se pareça =P) mas sempre me identifiquei muito mais com o "dar" do que com o "receber"... Adoro presentear os outros, cobri-los de atenção e de mimos mas quando toca à minha pessoa é que a porca torce o rabo e fico sem jeito. Não sei a que se deve este fenómeno estranhíssimo, mas como se diz (e bem) na minha terra, fico encaralhada e não sei lidar com isso.
Talvez por ser aquele tipo de pessoa que tem sempre resposta na ponta da língua para tudo (ou não fosse eu uma "mulher do norte"), me faça muito confusão passar todo o santo dia de anos com aquele ar aparvalhado de barata tonta, sem saber o que dizer... "Ah.... muito obrigada.... gostei muito....Oh... não era preciso....Eh...nem sei que dizer..."
Pessoas, acreditem que não estou a fazer charme, não gosto mesmo nem sei lidar com as manifestações calorosas de afecto com que se costuma "bombardear" os aniversariantes - adoro ser eu a bombardear mas não sei ser o alvo...
Não sei se me estou a explicar bem, nem faço ideia se há por aí alguém que se identifique com isto ou se estão todos a pensar que afinal sou mais chalada do que aparento, mas de facto e com toda a sinceridade possível: Não gosto do meu dia de anos!!
Não haveria problema nenhum nisto se não houvesse família e amigos que gostam de celebrar connosco este dia... E desde que fui mãe então, é obrigatório haver bolo e tudo (há lá coisa mais embaraçosa do que ter 20 "macacos" a cantar-nos os parabéns e nós à procura de um buraco pra nos enfiar...)... Ou seja, éoaguentaenãochoraqueodiapassarápido (NOT) eamanhãjáseestãotodosnas tintasprati :P
A psicanalista detrazerporcasaqueháemmim associa este sentimento ao facto de neste dia ser eternamente assombrado pela ausência do meu pai. Não que sentisse a falta dele, pois não se pode sentir falta daquilo que nunca se teve, mas porque era uma data na qual todos os outros se apercebiam disso, de que o meu pai não fazia parte da nossa vida. Talvez por saber que este dia teimava em lembrar-nos que "só" nos tínhamos uma à outra, eu deteste este dia. Sabia que no dia mais feliz da tua vida, estavas frágil e poderosa ao mesmo tempo, como só uma mãe a parir (desculpem os mais sensíveis mas não há outra forma de o dizer) pode estar e SOZINHA. Com os pais e os irmãos a quilômetros de distância, nem com eles pudeste contar...
De há 7 anos para cá, ainda fica mais difícil "sobreviver" ao primeiro de Julho porque, apesar de sentir a tua falta todos os dias, eras sempre a primeira a dar-me os parabéns (em pequena chegavas a acordar-me porque não conseguias esperar por ser de manhã para me abraçar) e a única que nunca me deixou sem jeito ao fazê-lo... Talvez porque no fundo eu soubesse que quem estava verdadeiramente de parabéns eras tu!! Tu é que me pariste, tu é que me criaste e educaste, SOZINHA!! Se havia alguém responsável por se celebrar o meu nascimento eras TU!! PARABÉNS Mumy!!
Por tudo isto, posso dizer "à boca cheia" que não gosto do meu dia de anos!! Não gosto, pronto já disse!! Mas não me interpretem mal, adoro estar rodeada de amigos e família e o primeiro de Julho é sempre uma bela desculpa para isso. E este ano não foi excepção, mais de 30 pessoas pra alimentar ao almoço que o São Pedro deixou ser churrasco, 10 crianças "desgovernadas" e uma parafernália de telefonemas e mensagens que adorei receber e responder, mas detesto que "seja por minha causa", entendem? Adoro tê-los comigo, mas preferia que não fosse por minha causa... Retorcido de mais?!
Perceberam alguma coisa do que quis dizer ou já estão a caminho com um colete de forças pra me internar?!
Spoiler alert, que é como quem diz, Red alert, bamos falar de coisas de gajas (ou senhoras gajas :P)
Nunca fui muito à bola com os tampões. Chamem-me old school mas sempre os usei somente quando era estritamente necessário - tipo quando combinamos ir à praia ou à piscina e o raio da "história" apareceu ou temos um evento qualquer e tinhamos programado uma fatiota não compatível com aqueles dias do mês... Uma coisa assim do género...
Conheço pessoas que os usam desde sempre e sempre, inclusivamente durante a noite, mas eu devo confessar que nunca fui capaz de o fazer. Primeiro porque não devo ser muito jeitosa a colocar a coisa e, nas primeiras utilizações magoei-me e como não ficavam bem colocados ficava-me a doer horrores... Segundo, porque quando comecei a usar estava em voga o mito urbano que o dito tirava a virgindade (não me querendo esticar nos comentários, perder a virgindade com um pedaço de algodão revestido em celulose não era opção para a minha cabeça romântica). E finalmente em terceiro lugar, porque devo ser uma das 5 pessoas que leu, de fio o pavio, a bula que vêm nas embalagens dos tampões e, como caginchas que sou, fiquei sempre com muuuuuito medo que aquela cena rara de que lá falam do síndrome do choque tóxico (SCT). Devia ter uns 14 anos quando li a primeira vez sobre o assunto e nunca mais me esqueci disto... Ah mas é de referir que para que esta informação constasse obrigatoriamente das embalagens tiveram de morrer mais de 20 mulheres vítimas deste choque tóxico.
Resumidamente, este síndrome raro resulta da proliferação anormal de uma bactéria fatal - o estafilocosos aureus- que existe inocentemente na flora vaginal de algumas mulheres mas que encontra, com a utilização dos tampões, as condições necessárias de cultura para se desenvolver exponencialmente e provocar um choque séptico tão grave e massivo que, infelizmente, se torna muitas vezes mortal nas utilizadoras dos tampões. Claro que há medidas, tais como mudar frequentemente de tampão, não escolher os mais absorventes porque esses, como recolhem mais fluxo, acabam por fornecer mais alimento às bichas e nunca se devem utilizar por mais de 8 horas sem substituição - o que por si só muitas vezes contra indica a sua utilização nocturna) que até podem reduzir a probabilidade disto acontecer mas ela existe sempre!
Estive muito tempo sem pensar sobre o assunto porque sempre me dei bem com as minhas escolhas para estes dias do mês mas ontem bati o olho num documentário sobre o assunto (que, pasmem-se já não está disponível online) e fiquei estupefacta! Talvez já seja do vosso conhecimento mas eu estava mesmo a leste do paraíso: a utilização dos tampões pode acarretar muitos mais problemas de saúde do que o próprio SCT, como se isto não bastasse...
Depois de ver a reportagem até ao fim (que recomendo a todas que façam, como mulheres mas também como mães - hoje somos nós, amanhã as nossas filhas) e, como não tinha nenhuma embalagem de tampões cá em casa, agarrei nos miúdos (que estivemos este fim de semana só os três) e fui ao super buscar mantimentos (entenda-se gordices para a mãe aguentar duas melgas, uma delas doente, sozinha um fim de semana inteirinho =P) e comprovar que as mesmas, tal como é indicado na peça, não têm qualquer indicação da sua composição. Isso mesmo que leram: nas embalagens dos tampões (bem como na dos pensos higiénicos ou mesmo das fraldas) não há qualquer referência dos seus componentes! Esta omissão é estrategicamente calculada pelas marcas para que se possa encobrir a utilização de elementos nocivos ao organismo humano, tais como a digoxina, os ftalatos, o formol e o cloro! Volto a dizer que leram bem, além do SCT a utilização dos tampões expõe as mulheres a:
Dioxina e cloro - são subprodutos industriais, já classificados pela Organização Mundial de Saúde como perigosos mas mesmo assim são utilizados no branqueamento da celulose que reveste os tampões, os pensos e as fraldas duplica o risco de câncer da bexiga e do reto. As dioxinas são ainda teratogénicas (responsáveis por mutações fetais) e mutagénicas (provocam a mutação genética celular que pode conduzir ao cancro);
Ftalatos- grupo de compostos químicos muito utilizados como aditivos para deixar o plástico mais maleável que podem provocar alterações hormonais, pelo fato de imitarem os efeitos dos estrogênios naturais. Não bastasse tudo isso, ainda são potencialmente cancerígenos e aumentam do risco de aborto e de diabetes gestacional;
Formol ou formoldeído - liquido de cheiro forte e tóxico utilizado na conservação de cadáveres ou de peças cirúrgicas para que possam ser estudadas e analisadas, que aumenta o risco de desenvolvimento de câncer, em especial de nasofaringe e leucemias. A sua utilização fora de ambiente hopitalar já está proibida desde 2009 dado o seu grau de toxicidade ao Homem, mas ao que parece ainda compõe (os estudos dos componentes dos tampões datam de 2016) os tampões.
Peço imensa desculpa se estou a ser curta e grossa, mas penso que não é caso para menos. Através dos tampões, caríssimas, estamos a ser envenenadas!! Isso mesmo, estamos a ser envenenadas sem sabermos!
Agora vocês dizem: Oh Inês mas não estarás a ser alarmista?! Esses componentes estão presentes em tantas outras coisas, até nos pensos e nas fraldas, porque é que estás a fazer aqui um bicho de sete cabeças dos tampões?!
E a minha resposta é: não, não estou! Uma das vias de administração dos medicamentos é a vaginal e sabem porquê? Porque sendo uma zona altamente vascularizada, potencia a absorção em quase 10 vezes o produto, ou seja, tudo o que colocamos na perseguida (conheci esta designação há uns anos a adoptei-a porque me parece catita :P) é extrapolado em 10 vezes. E agora, já vos parece grave? Que estejamos a ser intoxicadas através de um dispositivo que utilizamos durante vários dias, todos os meses, sem sabermos, por substâncias já conhecidas por serem responsáveis por infertilidade, endometriose, cancro, risco de aborto, etc?
Sou a maior defensora que cada uma de nós deve fazer aquilo que lhe parece melhor para si e para os seus, se a sua tomada de decisão for CONSCIENTE! E para isso temos de estar na posse de todas as informações disponíveis sobre o assunto, o que no presente caso, deliberadamente NÃO ACONTECE!!
Lamento muito que a reportagem que sintetizava tudo aquilo que tentei resumir acima e demonstrava com estudos laboratoriais e casos clínicos já não se encontre disponível na RTP play e que, este mesmo vencendo de vários prémios internacionais, apenas tenha passado na RTP 2 a um horário que a grande maioria de nós não tenha conseguido ver... Coincidência?! Já estou como a outra, não há coincidências...
De qualquer forma, basta googlarem o assunto para perceberem isto que vos digo, a sua gravidade para a saúde pública, para a nossa saúde e das nossa filhas. Parem de nos tomar por parvas e de nos envenenar.
Trata-se uma birra mais séria que o habitual mas à luz dos conhecimentos dos nossos dias penso que é CRIMINOSO esconder esta situação das mulheres!
By the way e falando de alternativas, alguém usa o copo menstrual? Qual? É desta que me vou debruçar à séria sobre o assunto por isso todas as informações e dicas são muito bem vindas ;)
Estamos descansadinhas da vida a almoçar (porque a prole está na escola, senão esqueçam lá a parte do descansadinhas) e levamos com o balde gelado do suicídio do Bourdain!
"Caralho, Foda-se, Que cagalhão!", pensamos... (as amigas que estão connosco, avisam-nos que afinal "pensamos" em voz alta...) Ups... "Porra, desculpem lá o palavreado..." Elas sabem que sou do Norte e que me esforço sempre por não asneirar muito mas há alturas e alturas e às vezes é fodido conter a lingua que teima em ter vida própria, a puta ...
De olhos postos ainda no televisor, fico a "ruminar" a noticia e a pensar nas madrugadas que me tens feito companhia: tu nas tuas viagens gastronómicas ao desconhecido e eu nas noitadas das cólicas ou dentes do mais novo / insónias ou viroses da mais velha, you name it... Tu por esse mundo fora a encher o bandulho nos melhores tascos e eu a passar noites em claro com os putos, mas a aproveitar para viajar contigo!! Merda Bourdain!! Agora, quem é que me vai aturar?!
Mas tão depressa me apeteceu xingar-te do pior, como também me apeteceu abraçar-te e dizer-te que não havia melhor contador de histórias que tu. Porra!! Se nas tuas últimas 24 horas, alguém te tivesse dito aquilo que em 24 minutos inundou as redes socias, talvez ainda estivesses cá para contar a tua história. Aquela que ninguém quer saber... Porque ninguém quer ouvir falar dos defeitos, dos podres, dos dias em que não nos conseguimos olhar ao espelho porque não gostamos daquilo que somos ou que nos tornamos. Só querem saber dos copos, da boa disposição, das alegrias... Mas caramba, todos somos feitos de bons e maus momentos (se tivermos sorte, são mais momentos bons que maus) e essa mistura faz de nós aquilo que somos. Ás vezes só precisamos que alguém nos escute e que nos diga que é "normal" sentirmos isto ou aquilo, que é "normal" sentirmo-nos em baixo pois só um super homem não se deixaria afectar por tenta merda que nos acontece...
Num mundo onde a conectividade tecnológica impera, estamos cada vez mais sozinhos... Somos meninos para partilhar com o mundo a nossa "fronha" ao acordar, mas incapazes de demonstrar aos mais próximos o nosso verdadeiro estado de espírito, porque algures no tempo as pessoas deixaram de ter paciência para isso... "Oh, lá vem aquela com os seus dramas..." Verdade que não há pachorra para gente melodramática, mas alturas há em que é lifechanging (literalmente) detectar sinais de que aquela pessoa que amamos precisa de ajuda para digerir determinado sentimento, que precisa de ajuda para perceber que há razões para não desistir...
Não sei bem o que se passará na cabeça de uma pessoa que termina com a própria vida. Que pensa "friamente" no assunto, escolhe e prepara o método e deixa a nota de despedida. Só sei que tem de os no sítio, caralho. Há quem entenda como fraqueza (e talvez até seja pois como disse não faço porra de ideia do que sente uma pessoa que se mata), mas eu cá acho que é preciso ter tomates pra acabar com a própria vida. Imagino que na altura H pode faltar a coragem de premir o gatilho, ou atirar-se da ponte ou qualquer outra coisa.
Há uns anos valentes soube de um caso que me chocou particularmente pois além de se tratar de um jovem (penso que de 20 anos) com a vida toda pela frente, se enforcou de uma altura inferior à sua. O que significa que bastava colocar os pés nos chão para não morrer... Imaginam quão quer desesperadamente uma pessoa terminar com a vida pra não se pôr de pé enquanto sufoca?! Que contraria o seu instinto de sobrevivência até ao limite, até ao seu fim?! Eu não consigo... O que sei é que invariavelmente são pessoas de quem se gosta muito, cuja essência nos toca de alguma forma. Dos famosos assim de repente estou a lembrar-me do Heath Ledger, Robin Williams, Kurt Cobain, ... Todos eles fora de série, todos eles queridos pelas multidões mas terrível e irremediavelmente sozinhos...
Andava já há alguns dias para vos recomendar uma série que comecei a ver - já papei a primeira temporada nos intervalos das birras, fraldas e papas - e que faz-nos pensar muuuuuuito sobre o tema. Além do mais, sendo nós mães, ainda mexe mais com o nosso âmago. Falo-vos de 13 razões para morrer e conta a história de uma adolescente que, adivinhem lá, se suicida, deixando o relato das 13 coisas que despoletaram a sua decisão... Parece macabro, eu sei e as opiniões dividem-se entre ser uma série do catano ou ser desnecessária mas, na minha opinião, as personagens, as histórias paralelas, a banda sonora estão espetaculares e, no fundo, demonstra bem que de facto não somos todos iguais e os acontecimentos que para para uns são processados de uma forma mais ou menos orgânica para outros entranham-se e tornam-se o seu demónio... Não querendo revelar nenhum pormenor para não vos estragar a cena, o mais impressionante é que a jovem não demonstra palpavelmente a intenção de terminar com a sua vida mas os sinais estavam lá todos... Se puderem, vejam que vale muito a pena. Como mãe tocou-me particularmente por ser assustador a facilidade com que a garotada nos esconde os seus problemas...
Mas voltando a ti, não sei que demónios terias nem se os demonstraste a alguém, mas desconfio que tal como na série e, sobretudo como na vida real, todas as pessoas relativizaram as coisas e no meio da correria do dia-a-dia ninguém te "escutou" ou te "viu". Terás respondido vezes sem conta que "está tudo bem"... Ninguém percebeu para onde "ias" e tu decidiste acabar por aqui. Lamento pelos que te rodeiam porque vão martirizar-se até ao fim dos seus dias por não te terem amparado enquanto puderam, lamento pelas minhas madrugadas que ficaram orfãs mas sobretudo lamento muito por ti, por não chegares a ver o reconhecimento que se multiplica por esse mundo fora....
O cabrão do tempo não voou - evaporou-se - e amanhã já é o dia I!
Chegou o dia de chorar baba e ranho por ter de deixar o Matiquinho (como diz a Madalena) na porra do Infectário. Pronto, já disse!
Acabaram-se as licenças, as férias e todas as ajudas dos avós que possibilitaram que o Mateus estivesse em casa até agora, mas já não há volta a dar, não dá para adiar mais a ida para o berçário (porque as contas têm de se pagar) e isso parte-me o coração e esfrangalha-me os nervos.
"Ahhh mas esta gaja está práqui a queixar-se e o garoto vai para a escola já com mais de 6 meses! Muitos há que vão logo aos 4 ou até antes!" - Verdade, mas parte-me o coração na mesma, que é que querem que eu vos faça?
Parte-me o coração saber que vai passar os primeiros tempos sempre doente, daí a carinhosa denominação de Infectário (aliás aqui o querubim é tão sensível que só de sonhar de se estar a aproximar a data ficou logo doente para abreviar caminho :P). Parte-me o coração saber que vai estar sempre carente de colo (por mais atenciosos os cuidadores no berçário o rácio de colos por metro quadrado desce abruptamente e não há cá pão pra malucos) e de mimos... É que ainda por cima amanhã vai levar com a xaropada assim sem dó nem piedade, porque como esteve doente esta semana não deu para fazer aquela habituação faseada ao espaço e às caras que tinha combinado com a educadora: ir uma horinha num dia, duas no seguinte e assim sucessivamente. Não, amanhã leva com tudo de chofre e seja o Deus quiser! Tem de aguentar pelo menos até eu sair a voar do trabalho para o ir "resgatar" daquele "inferno" de choros, birras do sono, cheiros nauseabundos a cocó e trocas de mucos e babas... Estou tão mal da minha cabecinha que só fico a imaginar as bactériaszinhas e os viruzinhos do demo a propagarem-se pelo ar, pelos brinquedos que, nesta fase estão sempre a ser levados à boca, e pelas mãozinhas sapudas... BAHHHH!!!! Pró que me havia de dar agora!
O berçário para onde vai é óptimo, tem todas as condições, poucas crianças e ainda por cima já o conheço bem porque fica na mesma escola da Nena, mas neste momento acho que até poderiam ser os aposentos dos principezinhos ingleses que a mim era-me igual, se é que me entendem :|
Estou a enervar-vos um bocadinho com esta conversa, não estou? Até a mim me estou a enervar, porque no fundo não estava nada à espera de no segundo filho ainda me custar tanto este processo todo... Talvez seja precisamente por já ter passado por isto que me esteja a custar tanto agora... Eu sei lá, só sei que estou com uma birra do tamanho das casas e nem aquelas certezas de que "agora é mais fácil a habituação deles do que aos 2 ou 3 anos" ou "um bebé tão simpático e dado como o Mateus vai adaptar-se bem de certeza" me estão a sossegar o espírito.
O mais certo é o Mateus nem olhar para trás e ficar todo contente, mas o meu coração vai estar do tamanho da cabeça de um alfinete quando lá o deixar, ah se vai.
E por aí? Como foi o dia I? Alguma dica ou truque para superar esta angústia tonta de coração de mãe?
As crianças encontram felicidade nas coisas simples da vida como um abraço apertado da mãe ou o tempo que o pai lhe dedica para lhe contar histórias.
As crianças vivem apaixonadamente, vivendo cada momento como único e irrepetível. Tudo é saboreado até ao ínfimo pormenor.
As crianças perdoam com facilidade e não guardam rancor.
As crianças são verdadeiras e directas. São puras!
As crianças riem às gargalhadas, até ficarem com soluços.
As crianças não sentem vergonha de chorar quando estão tristes e frustradas, o que lhes garante o abrigo de um colo repleto de amor.
As crianças correm de pés descalços num chão aquecido pelo sol ou na relva molhada pelo orvalho.
As crianças encontram magia em todas as suas descobertas. Acreditam nas fadas, no pai natal e no coelhinho da Páscoa. O seu mundo é um lugar lindo e mágico.
As crianças fazem amigos com facilidade, mesmo antes de sequer saberem o seu nome, sem olharem para a cores, credos ou extratos bancários.
As crianças não têm medo ou vergonha de falhar. Se não conseguem à primeira, tentam à segunda, à terceira, à quarta... Não importa, tentam as vezes que forem necessárias até conseguir, até alcançarem o seu objectivo sem se preocuparem no que os outros pensam delas. Acham que de outra forma teriam aprendido a andar ou a falar?
As crianças têm tanto, mas tanto para ensinar aos crescidos mas são os crescidos que passam a vida a tentar desinformá-las... Com as correrias, as promessas quebradas, os gritos de frustração pela vidinha medíocre ...
As crianças são feitas de sonhos que inconscientemente se lhes vão negando, por fazerem lembrar os que ficaram por concretizar. Fazêmo-lo com boa intenção, para que não sofram desilusões, dizemos a nós próprios, mas vamos moldando as crianças à nossa imagem quando deveria ser precisamente o contrário. Deveríamos aproveitar esta dádiva da sua frescura e pureza para ressuscitar a criança que existe, reprimida, dentro de nós. Para reacender aquele ser que perdoa, que vive cada minuto ao máximo, que acredita em magia e nos pós de perlimpimpim.
As crianças vêm providas de qualidades que passamos a nossa vida adulta a perseguir. Algures no tempo fomos perdendo a magia e deixamos de ser felizes por que já não somos capazes de rir às bandeiras despregadas ou de chorar quando estamos tristes. Quando é que deixamos de ser crianças? Quando é que permitimos que nos dissessem que não vamos conseguir alcançar os nossos objectivos? Quando é que deixamos de sermos nós? Quando é que deixamos de sonhar? Quando?!
Talvez seja porque tenha tido uma infância um bocadinho atribulada (muito feliz mas um bocadinho diferente do habitual), que me fez crescer rápido ou porque tenho dormido pouco (muuuuuito pouco) esta semana (o que pode ter frito os últimos dois neurónios que ainda restavam) mas neste Dia Mundial da Criança só consigo pensar em todas as crianças cheias de sonhos que vivem em cada um de nós e em como nos fomos esquecendo delas... Vamos proporcionar-lhes um dia diferente e vivê-lo como fariam os nossos filhos? Sem manhas, mentiras ou fretes? Vá... Se vamos ser crianças temos direito a uma birrinha ou outra :P Dê-mos à nossa criança a liberdade de voltar a sonhar em ser astronauta ou bailarina. Lambuze-mo-nos num gelado gigante sem contar as calorias ou pensar nas lactoses! Corramos descalços, libertando-nos dos sapatos lindos mas desconfortáveis. Desfrutemos deste dia junto dos nossos miúdos, aprendamos com eles como é simples ser feliz. Descompliquemos e encontremos finalmente a alegria nas pequenas coisas!