Na verdade, devo já informar-vos que nunca pensei em me transformar na mãe que faz as papas para os filhos. E quem diz papas diz pacotinhos de fruta ou bolachas. A bem da verdade, estava longe de imaginar que me ia transformar naquelas mães que eu tanto abominava por "esfregarem na minha cara" a sua "perfeição". E estou já a por-vos ao corrente disto para não ficarem já a pensar "olha-me esta, tem a mania que é saudavelzinha e que os filhos não comem açúcar!" Na realidade, eles comem açúcar sim, bolachas e frutas de pacote como todos os outros mas como excepção e não como regra. Não sei se me fiz entender, mas é do género a Madalena come frutas de pacote mas não diariamente, diariamente come fruta a sério. Perceberam a ideia? Nem sempre, nem nunca.
Quando chegou a altura de introduzir a alimentação complementar à Madalena fiquei a saber que o pediatra dela era apologista de se começar pelas papas. "Como assim pelas papas? Mas eu sempre ouvi que se deveria começar pelas sopas para depois não estranharem o doce..." Confiei no médico mas antes de as comprar e com o intuito de encontrar melhor relação qualidade/preço fui dar um olhadela para os rótulos e, meus amigos, ia tendo um chelique! "Qué esta merda?! 40 gramas de açúcar em 100?!" Aqui é que foi o ponto de viragem - deixei de olhar para as papas caseiras (e para quem as faz) com o desdém de quem se sente inferiorizado. Como toda a gente, achava que este tipo de papas além de serem feitas por pessoas que não fazem mais nada da vida sem ser cuidar dos filhos (NÃO) e que não trabalham fora de casa (QUEM ME DERA) e assim, conforme prometido, aqui estou para vos mostrar que isto não é nenhum bicho de sete cabeças nem exclusivo das fadas do lar, que eu tanto olhava de lado.
Então para começo de conversa há que ter em conta algumas considerações antes de comprar os cereais ou as farinhas. Inicialmente devemos introduzir apenas cereais sem glúten por isso devemos privilegiar a aveia (que indique na embalagem que não tem glúten, pois se não disser isso pode ter por contaminação ou das colheitas ou da maquinaria utilizada para a processar e embalar), arroz , trigo sarraceno (que nada tem a ver com o trigo comum e é glúten free), alfarroba ou farinha de coco. Com glúten podemos utilizar o trigo integral (por ser nutricionalmente mais interessante), a espelta, a cevada ou o centeio.
Comprar os cereais em flocos é sempre uma opção mais inteligente, quer economicamente falando porque é sempre mais barato do que as farinhas - vejam por exemplo a diferença do valor de uma farinha de arroz ou do arroz em si ou do coco ralado para a farinha de coco, quer por terem a possibilidade de os demolhar previamente, pelo menos por um par de horas, para que os fitatos (ou ácido fitico) seja eliminado potenciando assim a absorção de todos os minerais presentes nos cereais.
"Então e os bebés comem assim as papas sem açúcar?"
Primeiro não se esqueçam que além de o paladar deles não estar ainda viciado em açúcar como o nosso (não escrevi viciado entre aspas propositadamente pois está provado que a dependência provocada pelo açúcar no organismo é semelhante à das drogas pesadas) e segundo se que cozermos os cereais juntamente com fruta, ela não só vai enriquecer nutricionalmente a papa como vai adoçá-la :)
Passando à parte prática da coisa:
Há lá coisa mais simples que isto?! Se até eu me safo =D
Estas quantidades dão para cerca de 3 refeições que podem ser conservadas no frio uns 3 dias.
A Madalena sempre levou para a escola e na hora do lanche era só aquecer. Ainda me lembro da cara da educadora quando lhe disse que a papa já vinha feita de casa e que era só aquecer! Impagável! AHAHAHAHA Mas dois dias depois estava a pedir-me as receitas porque tinha "tomado a liberdade de provar" :P Ou seja, convencem até os mais cépticos.
Como o Mateus ainda mama bastante (tipo bar aberto), cá em casa optamos por não adicionar leite nenhum mas se o seu filho já não mama ou tem apenas uma ou duas refeições de leite pode adicionar, conforme as indicações acima.
Depois entre as possibilidades de conjugação dos diferentes cereais e frutas, o céu é o limite. Para a Madalena agora e porque já está mais gulosa, atendendo que come ocasionalmente das industrializadas, adiciono uma pitada de canela e uma colher de chá de mel.
Espero que os gorduchos gostem! AH e vocês também =P!
Tinha 19 anos quando me pediram ajuda, pela primeira vez, para morrer.
Era aluna do 2º ano de enfermagem e encontrava-me a estagiar num serviço de cirurgia no Instituto Português de Oncologia do Porto.
Em quinze dias de convivência diária (cerca de 8 horas por dia) assisti ao declínio do estado de saúde daquela mulher e fiquei a conhecê-la bem. Naquela altura e como era aluna, supostamente teria só dois doentes atribuídos, mas como aquela requeria muita atenção, era o que se chamava "uma doente pesada" não pelo peso dela mas sim pelos cuidados que inspirava pois estava totalmente dependente de terceiros, fiquei dispensada do segundo. Desta forma além de ser a sua (quase) enfermeira privativa, virei a sua dama de companhia. O que para ela era uma alegria já que, por ser de mais de 100 Kms do hospital, só tinha visitas aos fins de semana.
Olhando para trás, penso que a minha orientadora de estágio organizou assim as coisas para que aquela doente estivesse menos sozinha na reta final da sua vida. Estava há meses a aguardar vaga num serviço de cuidados paliativos. Estava à espera de morrer. Não há outra forma de o dizer, estava a mais de 100 Kms da sua família à espera da morte, que tardava. Ela e a vaga de cuidados continuados. Por isso, continuava internada num serviço de cirurgia (no qual é suposto só estarem pacientes operados ou para operar)... Continuava presa a um corpo que não lhe servia mais, num serviço onde a azáfama de enviar e receber doentes do bloco não se compadecia com as suas "dores".
As nossas manhãs passavam-se entre os cuidados de higiene e conforto no leito que representavam horas de tortura entre as mobilizações e os pensos às extensas úlceras de pressão (são feridas características a quem está acamado há muito tempo) que teimavam em não cicatrizar apesar de todas as alterações de decúbitos (posição na qual o doente permanece deitado na cama) e de todos os produtos que se lá colocavam, a leitura de revistas como a "Maria" ou a "TV Guia" e aquilo que ela mais gostava: contar histórias da sua vida, como se estivesse que a passar o testemunho. Eu gostava muito de a ouvir mas ao mesmo tempo tinha muita pena... Pena por ela, mas sobretudo pela sua família que eu calculava não fazer grande ideia do mulherão que tinham como mulher, mãe e avó.
"Sabe Sra Enfermeira, trabalhava de dia no campo e à noite na máquina de costura para poupar todos os cêntimos e poder mandar o meu filho para a faculdade. E mandei! Ah se mandei! Agora é um advogado importante lá na terra. Toda a gente mo gaba!!"
"Mas em tantos anos de sacrifício nunca rompi nada. E agora que estou aqui de papo pró ar, a ter a vida que achava que queria - não fazer nenhum e ter alguém que me lesse as revistas - tenho tudo em ferida. Agora que podia ter sossego, custa-me a respirar. Ah e as dores, as dores de cada vez que me mexem. Essas são o pior. Não há nada que me tire estas dores? Tantos frascos que prái trás e nenhum é capaz de me tirar as dores?"
Tinha apenas 19 anos de imaturidade e inexperiência quer profissional e sobretudo pessoal. Fiquei sem pinga de sangue, sem chão... "Descolhoada" como se diz na minha terra, quando numa manhã particularmente difícil pelo agravamento do estado geral me atira a medo, colocando a sua mão sobre a minha: "Por favor, não aguento mais! Ajude-me a encontrar a paz, ajude-me a morrer! Não diga nada ao meu filho e aos meus netos pois não fazem ideia do que vai aqui no meu coração, mas pelo amor de Deus, não me deixe mais nesta agonia e ajude-me!". Chorava baixinho, através da máscara de oxigénio, de dor e de sofrimento mas completamente lúcida. Eu não consegui articular palavra, apenas fui capaz de lhe afagar o cabelo que já não lavávamos há três dias pois não conseguia tolerar mais manipulações do que aquelas que eram necessárias para os pensos... Nesse dia chorei muito, por ela e por todos os outros que como ela, tinham uma mente lúcida preso num corpo que não lhes respondia mais. Por todos que estão presos num presente obscuro e doloroso, sem qualquer esperança de melhorrar, sem poderem partilhar com os entes queridos oq ue lhes vai na alma para não os magoar ainda mais nem conseguirem por-lhe um fim ou encontrarem a paz que merecem.
Nunca contei o sucedido a ninguém mas solicitei à equipa médica que reavaliasse a analgesia pois a dor estava descontrolada. Já nem sequer conseguíamos lavar-lhe o cabelo ou elevar-lhe a cabeceira da cama sem que gritasse de dor., gastando as pouca forças que ainda tinha. No dia seguinte tinha prescrição para preparar uma perfusão continua de morfina (qualquer profissional de saúde compreenderá o que significa quando se toma esta medida de controlo da dor), pude lavar-lhe o cabelo e ler mais umas fofoquices da "Maria" enquanto ia dormitando porque finalmente as dores tinham cedido à morfina, à bendita da morfina! Antes do fim de cada turno, ia sempre despedir-me e perguntar se precisava de mais alguma coisa. Normalmente respondia, "até amanhã, se Deus quiser". Naquele dia, agarrou-me na mão e agradeceu-me por aturar "as tontices de uma velha. Obrigada pela pachorra e por tudo, filha!". Ela sabia e eu no meu âmago também que se tratava de uma despedida mas não choramos. Não, só nos despedimos pois ambas compreendíamos que era melhor assim, ela sem dores e em paz!
No dia seguinte verifiquei com alívio que tinha dois doentes "novos" atribuídos, duas novas vidas que lutavam contra o malvado do Cancro, mas na fase ativa da batalha e não quando se "a toalha cai ao chão". Fiquei a saber que tinha partido poucas horas depois do nosso último encontro, em paz e sem dor, dormindo à boleia do opióide. Nunca irei esquecer aquela mulher, aquela mãe e avó que no momento de maior fragilidade humana não se esqueceu de pedir para os seus entes mais queridos fossem poupados dos pormenores sórdidos da sua dor. Não deixou de os colocar em primeiro plano mas pediu ajuda para morrer por não conseguir aguentar mais aquela espera por um fim com dignidade.
O ser humano não está preparado para encarar a morte de frente, é quase como um tabu anti-natura por isso não é simples aceitar que alguém queira morrer. Não é fácil aceitar que baixem os braços e deixem de lutar pela vida, não só por eles próprios como por quem os rodeia. Mas só quem ainda não viu um corpo coberto de escaras putrefactas, tubos por tudo que é orifício, natural e não natural, pode compreender que respirar nem sempre é sinónimo de viver. Abrir os olhos, reconhecer quem os rodeia ser capaz de falar não significam viver condignamente. Se houver lucidez e consciência, o Homem deve poder decidir deixar aquele corpo que não vive, sobrevive. Deve lhe ser dado o direito de decidir que chegou a altura de abandonar o invólucro que não responde mais às exigências da vida.
Na semana em que este assunto estará na ordem do dia, deixo-vos aqui esta reflexão. Temo que quase todos os profissionais de saúde, das diferentes áreas, tenham histórias semelhantes a esta para contar (que grande parte do meu percurdo trabalhei em bloco operatório, tenho umas quantas). Temo ainda mais que muitos de vós tenham exemplos desta angústia no circulo de familiares e amigos mais próximos.
Na vida, como na morte, nem tudo é preto ou branco. Há também o cinzento a ter em consideração. Por tudo isso anseio que a morte medicamente assistida passe a ser permitida em Portugal. País pequeno e de brandos costumes mas sempre pioneiro nos momentos da verdade. Oxalá este seja só mais um exemplo desta nossa grandeza que nos distingue do resto do mundo.
A saga das escolas começa logo que se faz xixi no pauzinho e ele devolve-nos dois tracinhos.
Começamos a visitá-las ainda pouco pançudas e à medida que a barriga vai crescendo vão-se acumulando as dúvidas e as incertezas por isso estamos já com um pé na maternidade e ainda não decidimos bem qual o infectário vai ter o privilégio de receber o nosso rebento rechonchudo de meio ano... Quem nunca? Mas à medida que o tempo vai passando e, no nosso caso, porque com a chegada de mais filhos as contas de sumir mostram-nos que temos de encontrar uma boa escola mais económica que acolha os nossos querubins.
Foi no decurso dessa busca pelo El Dorado que fiz estas brilhantes descobertas:
Geração espontânea existe! Não acreditam? Atentem só: no concelho onde vivo para o ano lectivo de 2018/2019 há 1423 vagas para 3 anos de pré-escolar contra 5150 vagas para 4 anos do 1º ciclo, o que quer dizer que dos 5 para os 6 anos nascem em Cascais, por geração espontânea e já prontinhas a iniciar o 1º ano mais de 815 crianças! Soberbo, não? Ou é isso ou então há turmas da primária sem alunos... Das duas uma...Fui muito rápida e perderam-se nas contas? No problem, passo a esmiuçar: havendo apenas 1423 vagas para alunos de 3, 4 e 5 anos isso dá cerca de 475 meninos por idade mas depois há cerca de 1290 de alunos por ano do 1º ao 4º ano,o que significa um aumento de cerca de 815 crianças de um ano para o outro! Ou as turmas da primária estão vazias, ou as crianças permanecem na barriga das tias até completarem 6 anos (o que não deveria dar muito jeito na altura de as desovar) ou surgem por geração espontânea (bolas afinal já são três opções)...
Os pais deste país começam a trabalhar só às 9 e saem às 15. Sim leram bem, pelos horários disponibilizados pelas escolas públicas ou privadas só posso concluir que este é o horário da grande maioria dos portugueses. Desta forma e tendo em conta a pausa para a hora de almoço, não admira que os funcionários públicos tenham reivindicado as 35 horas/semanais! Se há tanta gente a trabalhar 20... Ah e ainda por cima têm pelo menos 60 dias de férias a ver pela quantidade de interrupções escolares que os putos podem ter - o mês de Agosto é fatal comó destino assim como a semana entre o Natal e a Passagem de Ano, os carnavais, as Páscoas e o dia de São Nunca à Tarde. Para fazer face às férias da miudagem há que fazer horário rotativo de férias de pelo menos 3 adultos sem que nunca se cruzarem entre si, daí ser tão importante fixar se saem ao padeiro ou ao carteiro =P
Tudo na vida das escolas são extras: entra antes das 9? Paga mais X. Sai depois das 15? Paga mais Y. Leva almoço e lanches de casa? Paga mais Z! Não leva nem almoço nem lanches? Então paga mais W. E vou parar de enumerar os extras porque se me acabaram as letras "estranhas" do alfabeto :P
Há muita gente boa a trabalhar nas secretarias das IPSSs que não percebe patavina de matemática! Então, passo a explicar: em todas as IPSSs que visitei e nas quais os meus filhos teriam vaga perguntei o valor da mensalidade a pagar me responderam que a fórmula estava afixada à entrada (não estou a brincar, responderam-me isto em toooooodas). Claro que aplicando a fórmula matemática, seria de esperar que o resultado fosse o mesmo que me deu a mim. SÓQUENÃO, o resultado das secretarias era invariavelmente superior ao meu e muito diferente entre si, numa delas uma diferença de mais de 100€ por criança... Ora se as mensalidades são calculadas com base nos rendimentos dos agregados familiares e se a fórmula utilizada é "a que está afixada na porra da porta", não há lugar para "deslizes" destes, não é? Por isso senhores, ponham essa gente a estudar matemática!
Para arranjar vaga numa escola decente é preciso dormir com muitas pessoas! Agora é que foi! Perdi a cabeça e pus a boca no mundo... Não sei como é na vossa zona mas por aqui é assim: nas IPSSs que têm boa fama é preciso ir lá pernoitar para arranjar vaga, se tiver dois filhos tem mesmo de ir com mais de dois dias de antecedência para garantir que lhe seja distribuída a senha que lhe vai dar direito ao papel da pré-inscrição numerada que por sua vez lhe facultará a inscrição... Chiça- penico... Uma estafa! Cansados?! Também eu. Com um bebé de 2 meses na altura apenas consegui lá estar por volta das 5 da matina e apanhar a senha 44... Sim 44 para 8 vagas no berçário e 2 para a pré. Um mimo! Claro está que não arranjei vaga :|
Sou rica e não sabia! Uma rica pessoa sei que sou, mas rica? Desconhecia... Não sei bem então o que faço ao dinheiro, mas aos olhos das IPSSs que visitei tenho muito papel, de tal forma que na maioria dos casos as mensalidades calculadas eram bastante superiores às por mim pagas numa instituição totalmente privada! Pois é meus amigos, sou rica e não sabia! Foi preciso chegar aqui para descobrir que poderia ter feito um casório comó da Meghan ao invés de ter andado a contar os tostões prás flores...
Sofro de carteira bipolar: ora se as IPSSs atestam a minha riqueza, porque é o meu saldo bancário depois de pagar as mensalidades por elas calculadas atesta o contrário? Então afinal em que é que ficamos? Sou rica ou sou pobre?! Calhando fiz bem em não esbanjar o mé rico dinheirinho em peónias =D
Para inscrever os miúdos nas escolas é precisa mais papelada do que para pedir um crédito habitação! Ele é recibos de vencimento, nota de liquidação, comprovativo de morada e do agregado familiar, faturas de farmácia ou transportes, boletim de vacinas (como se alguém soubesse ver se está em falta alguma...) declaração do trabalho do horário, se temos ou não computador e internet em casa e crença.... Sim leram bem, tive de responder a estas questões nas diferentes escolas em que inscrevi os meus filhos :/
Acho que já deu para entender que a birra de hoje passa por tentar encontrar uma boa solução educativa para os nossos filhos à medida da nossa carteira o que no nosso país e, pelo menos nos grandes centros urbanos, é uma miragem. Ou são sítios que funcionam como meros depósitos com alimentação dúbia e outros "pormenores" que nem gosto de mencionar ou então, se fizermos as contas, mais vale ficar em casa a tomar conta deles. Incentivos à natalidade? Encontraram algum na vossa jornada enquanto pais? Nem unzinho pra contar história, não é verdade?! Mas também assim não podem ser responsabilizados pelo nascimento de personagens como o Sócretino, Burro de Carvalho ou Salgadinho (mais uma vez poderia ficar aqui muito tempo sem enumerar todas as pirulas do dia seguinte que ficaram por tomar).
Posto isto e para satisfazer a vossa curiosidade, acabamos por colocar os miúdos numa escola que reúne todas as ideologias mais badaladas da atualidade como High Scope e Montessori e que, pasmem-se, ainda conseguimos pagar: ficarão entregues a um professor de alto gabarito, conhecido pelos seus métodos super atuais de ensino do tipo aicaiscais ou faz-teàpistasenãopassasfome:
Querem mais modernaço que isto?!
(na fotografia ainda era um estagiário de 4 meses mas já conta com cerca de 8 anos de experiência, por isso deve dar conta dos dois :P, não acham?)
Como tinha prometido aqui vou passar a partilhar convosco as experiências cá de casa com a introdução da alimentação complementar. Ainda não sei bem em que moldes (se num dia da semana específico, se em texto, foto reportagem, se em vídeo...), por isso se os interessados no assunto tiverem alguma expectativa ou sugestão - falem agora ou calem-se para sempre :P
Sabendo que esta fase pode ser bastante desafiante para as famílias e porque sou muitas vezes interpelada com estas dúvidas, resolvi, sem querer impor-me nem me sobrepor às indicações do médico ou pediatra assistente, criar então a rubrica das paparocas. Aviso já que não sou nenhuma expert em culinária, apenas vou adaptando receitas que encontro, que não me baseio apenas numa teoria ou corrente mas que faço como que uma mescla delas e vou adaptando à realidade cá de casa.
Mas comecemos pelo início: as compras e como as fazer de forma inteligente.
Não sei se se passou o mesmo convosco mas cá em casa só começamos a pensar mais sobre a qualidade dos alimentos na altura em que passamos a dá-los à nossa filha mais velha. Antes de sermos pais, às vezes jantávamos um balde de pipocas a acompanhar um filme, ou queijo e um bom copo de vinho (saudades desse tempo de "liberdade").Agora tem de haver sempre sopa feita, legumes e fruta fresca, além dos pratos principais que tentamos que sejam alternados entre peixe e carne diariamente. Não, não somos nem pretendemos ser pais perfeitos, cá também se comem bolachas, papas e frutas de pacote mas tentamos que seja uma coisa muito esporádica, só mesmo quando não há outra alternativa, que seja a excepção e não a regra. Temos consciência que "somos aquilo que comemos" e por isso para criamos crianças saudáveis temos de dar especial atenção a este capitulo. A introdução alimentar é vista por nós como uma oportunidade única para educar o paladar dos nossos filhos! Se não lhes dermos papas ou iogurtes com teor de + de 30% de açúcar (e não fiquem escandalizados porque que se lerem a informação nutricional da grande maioria das marcas de comida para bebés é isso que encontram) nunca irão sentir falta disso e irão adorar as vossas papas de aveia ou outro cereal adoçadas apenas com fruta.
Por outro lado se com esta conversa julgaram que este blogue pertence a uma família de gente abastada que só compra alimentos biológicos, desenganem-se. Cá em casa fazemos muitas contas de sumir (não, não me enganei... São mesmo contas de sumir) e parece que sobra sempre muito mês no fim no ordenado (ah e não me enganei outra vez :P) por isso tivemos de criar estratégias que nos permitissem adquirir bons produtos à medida na nossa carteira, que infelizmente não permite muitos devaneios.
E foi assim, nesta busca por coisas boas aos melhores preços que descobrimos alguns "truques" (se calhar vou cair no erro de estar para aqui a "chover no molhado" porque já estão carecas de saber isto, mas como eu gostava que me tivessem passado esta informação, aqui vai):
comprar nos mercados locais - comprar as frutas e os legumes nos mercados sai substancialmente mais barato que nas grandes superfícies pois há menos intermediários entre os produtores e o consumidor e assim os produtos estão menos inflacionados, especialmente se forem mais tarde porque o preço vai descendo à medida que o dia avança - temos a sorte de ter um mercado semanal mesmo à porta de casa e somos fieis a uma banca em que os vendedores são produtores de grande parte da mercadoria que vendem, às vezes biológica mesmo sem nos custar os olhos da cara;
prove - programa governamental que visa exactamente diminuir os intermediários entre o produtor e o comprador, permitindo às famílias abastecerem as dispensas de produtos locais aos melhores preços. Há vários pontos de entregas por todo o país e as mesmas são feitas semanal ou quinzenalmente. Nós optamos por recolher o nosso cabaz composto por variadíssimos legumes e frutas apenas quinzenalmente, primeiro para podermos escoar tudo o que enviam e depois para podermos escolher no mercado que temos perto de casa o restante. É que ao aderirmos ao prove podemos escolher 5 produtos que não queremos nunca receber, mas outros há que vão sendo repetidos por serem da época e se fossemos todas as semanas estaríamos sempre a comer o mesmo e assim não corremos esse risco;) o cabaz que recolhemos na nossa zona custa 10€ e vem bem abastecido conforme podem ver nas fotografias. Ainda por cima, o nosso local de entrega fica num sítio mágico para ir com a pequenada porque podem ir conviver com a bicharada - a Nena adora ir dar as folhinhas das couves ou alfaces (o que houver no cabaz) à cabrinhas e cenouras aos burros e aos cavalos!
comparar preços - além do que referi acima temos também de fazer um exercício mental (ou no meu caso que tenho memóriadepeixepiorqueaDori, apontar) os preços dos artigos que mais consumimos porque muitas vezes caímos na esparrela de achar que é uma grande promoção e o preço (que marca ter menos 40 ou 50%) ainda assim é mais caro que na concorrência. Há grandes superfícies mais caras numas coisas mas mais baratas noutras e se como nós, normalmente não tem tempo nem vida de andar a "saltar nas pocinhas todas" faça um apanhado dos produtos que mais consome e passe a ir ao sitio, onde por norma são mais baratos. Grão a grão...
Abastecer - sempre que um determinado artigo que usa sempre esteja mais barato, mas verdadeiramente mais barato (daí ser muito importante o ponto anterior) abasteça-se para o Apocalipse. Pode custar um bocadinho na altura mas depois vai compensar quando estiver semanas a fio muito mais caro... Vá por mim, não há nada pior de ter de largar mais notas uns dias depois da promoção por uma coisa que poderíamos ter antevisto que iríamos precisar. Para este ponto também pode ajudar ir contabilizando quanto de um determinado artigo gasta por mês - por exemplo quantos litros de leite, ou manteiga, etc. Se é como eu, que não fazia a mais pálida ideia e que nunca soube fazer compras mensais, vá juntando os talões do super e no final daquele mês contabilize ;)
Carne e peixe - por muito que me custe dizer isto, nesta matéria ninguém bate os grandes... Por norma sou defensora dos mercados, do comércio local consumindo preferencialmente nestes pontos, mas por mais tentativas que faça não consigo encontrar preços mais baixos para carnes e peixes do que nas grandes superfícies porque quando há promoções, os pequenos não conseguem nem de perto nem de longe acompanhar. Por exemplo - cá em casa consumimos muito das chamadas carnes brancas e comprar peitos de frango a 7€/ kg é muito diferente de comprar a menos de 4€. O que faço é comprar grandes quantidades sempre que encontro estes preços, pedir para irem colocando em saquinhos já com as doses que consumimos habitualmente e ir congelando. O peixe compro muitas vezes congelado, por um lado porque mesmo que compre fresco, não consumindo tudo na altura da compra vai parar também ao congelador e depois por causa do preço que normalmente é mais baixo. Neste último ponto, tenho a preciosa ajuda de uns vizinhos que pescam e que volta e meia têm uns excedentes que me vendem ao preço da "uva mijona" - no outro dia venderam-me 5 kg de polvo a 5€ /kg!
Faça você mesmo - neste ponto também eu era daquelas que ao acompanhar alguns blogues de alimentação saudável e nos quais ensinavam a fazer, por exemplo, o próprio leite vegetal ou vinagrete pensava "está certo, esta gente não deve ter mais que fazer. Tenho cá tempo para estas mariquices!". No entanto e com a ajuda de um robot de cozinha posso dizer-vos que experimentei e que em 2 breves minutos tem um litro de leite de aveia (quem diz este diz outro mas este é dos preferidos cá de casa pelo sabor mais neutro) por menos de 30 cêntimos quando no supermercado rondam o 1,70€. Ah e a melhor parte é que é sem corantes, conservantes nem adição de açúcares. Dura uns 4 dias no frigorífico mas numa casa de família um litro de leite voa num instantinho. O que faço normalmente é aproveitar enquanto estou na cozinha a preparar outras refeições e adianto logo uns 3 ou 4 litros que dão para a semana e não ter de preocupar mais com isso. Agora faça as contas e numa casa onde em média se consumam 12 litors de leite por mês estará a poupar cerca de 17€, só no leite! Absurdo não é? A poupança que conseguimos por fazer alguns produtos que por norma compraríamos no super, permite-nos gastar mais noutros produtos de qualidade sem peso na consciência como mel ou óleo de coco, por exemplo. E se como eu também é séptico em relação ao gasto do seu precioso tempo, experimente e vai ver que não se arrependerá na altura em que fizer as contas ;)
Faça ementas - este é outro ponto onde também poderá pensar que vai perder muito tempo mas depois de começar nunca mais irá parar, acredite em mim que também não tenho tempo para me coçar. Então aqui o segredo é ir às compras e fazer as ementas apenas depois (se cair no erro de fazer o contrário o que lhe irá acontecer é gastar mais dinheiro para trazer os ingredientes que precisa para cumprir o seu plano pois nem sempre serão produtos de época ou que estejam em promoções). Então faça as compras, faça uma lista de refeições de acordo com as mesmas e siga-a. Vai ver que nunca mais terá o dilema de "mas que raio vou eu fazer para o jantar?" ou "porra, esqueci-me de por qualquer coisa a descongelar e agora tenho de ir a voar ao super!". Vai poupar muito tempo e dinheiro com esta técnica porque depois, numa fase mais avançada, vai poder inclusivamente prever em que refeições terá sobras que poderá adaptar e e utilizar nas seguintes (e constrói a ementa já com estas premissas). Por exemplo, sempre que faço bolonhesa a carne "cresce" sempre para um empadão ou para uma piza.
Estas são as estratégias cá de casa que encontramos para conseguirmos consumir bons produtos sem ir à falência e economizar também o pouco tempo que temos para estarmos juntos e desfrutarmos da nossa companhia. Como disse acima não sou nenhuma fada do lar, não tenho nenhum gosto especial pela cozinha mas como mãe não tenho outro remédio senão fazer-me à pista =p e encontrei aqui algumas formas de estas tarefas não serem tão custosas (em dinheiro e em tempo).
Desta forma providenciamos uma alimentação o mais limpa de corantes, conservantes, aditivos possível aos nossos filhos sem ter necessariamente de gastar mais.
Espero que tenham gostado da primeira publicação da rubrica Na hora da paparoca, daqui para a frente serão mais no sentido de operacionalizar a coisa mas achei importante começar pelo básico para demonstrar que comer bem não tem necessariamente de estar vedado a quem não tem tempo nem dinheiro para mariquices. Ah e queria acrescentar que irei apresentar soluções de alimetação saudável para toda a família e não apenas para os petizes, por isso stay tuned.
E por aí? Que estratégias usam para não irem à banca rota? Contem-me tudo e não me escondam nada, porque há sempre hipóteses de melhorar e de tornar o nosso rico tempo e dinheirinho mais eficientes!
Nota - Como sabem eu cá gosto mais de escrevinhar umas coisinhas, mandar umas postas de pescada pró ar e por forma a perceber que este assunto vos interessa e se realmente vale a pena fazer desta rubrica (que vai dar água pela barba aqui à leiga em fotografia e vídeos - shame on me :|) uma presença assídua aqui na chafarica, digam de vossa justiça. Comentem por favor se têm interesse, em que moldes vos faria sentido e que dúvidas têm para que eu possa dar um rumo à coisa que vá ao encontro das vossas necessidades e expectativas;) Obrigadinha.
Com cliché ou sem cliché, o tempo voou até aqui! Estás cada dia mais lindão, mais fofo e mais apaixonado pela mana <3
Não tinha programado escrever sobre isto hoje mas desde o início do blog, por causa da minha formação, tenho sido abordada por seguidoras com dúvidas acerca da amamentação e nos últimos tempos sobre a introdução da alimentação complementar, uma vez que sabem que se está a aproximar essa fase cá em casa.
O Mateus já está um homem crescido, tão crescido que já vai começar a comer! Como assim? "Já" vai começar a comer? Já não vai atrasado?
Ora bem, ao contrário do que a maioria dos pediatras ou médicos de família "pregam", os bebés devem iniciar a alimentação complementar apenas por volta dos 6 meses e quem o diz não sou eu, não senhora. Quem o diz é "só" a Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Portuguesa de Pediatria.
Mas então, se assim é, porque carga de água é que a grande maioria dos profissionais de saúde continuam a pressionar para que a introdução dos outros alimentos que não o leite seja feita logo a partir dos 4 meses? Pois, não faço a mais pálida ideia... Poderia pensar-se que é porque existe uma grande percentagem de bebés que já não são amamentados nessa idade mas eu amamentei os dois (e amamento ainda o Mateus) e fui pressionada de igual forma para começar o "bife com batatas fritas" como diz o pediatra dos miúdos. É um querido (é a sorte dele senão já tinha ido com os porcos), descomplicado e super disponível para consultas de urgência, sms etc mas no que concerne à amamentação está a precisar de um refreshzinho... Dessa poda percebo eu, por isso está tudo controlado. O problema é quando a mãe (e restante família) não estão "por dentro", aí é que começa o "sarilho".
Já devem ter percebido que estou a utilizar muitas aspas hoje mas quando se fala em amamentação temos de ter "pézinhos de lã". É que se por um lado as mães que não conseguiram amamentar muito tempo ou que simplesmente não quiseram amamentar ficam (com toda a razão) muito ofendidas com determinadas pressões e preconceitos, nós as que amamentamos até que a criança decida deixar de mamar (chama-se a isso o desmame natural) também sofremos horrores nas mãos de quem está sempre a culpar o leite materno por tudo (Não dorme? Tens de lhe tirar a mama! Tem cólicas? É da mama! Chora? É fome! Vomitou? Foi do leite! É magro? É do leite! É gordo? É do leite! ... Nem imaginam as barbaridades que já ouvi como mãe, enfermeira e CAM - conselheira de aleitamento materno - sobre o leite materno) e pressiona para desmamar as criaturas precocemente. E um dos factores responsável pelo desmame precoce é precisamente a introdução da alimentação antes do tempo, ou seja, antes dos 6 meses.
Aliás queria só acrescentar que estudos mais recentes já indicam que mesmo que a criança seja alimentada com leite artificial, tem todo o beneficio de apenas começar com os sólidos aos 6 meses. O que acontece nestes casos é que o factor económico fala mais alto - sai mais em conta começar com as papas e com as sopas do que manter o leite em pó mais 2 meses...(o que é legitimo, atenção)
Mas voltando um bocadinho atrás e para sistematizar-mos os conceitos, vamos resumidamente chamar os "bois pelos nomes":
lactente - nome que se dá a uma criança até completar um ano de idade porque o leite é o alimento principal e primordial até essa altura;
alimentação complementar - tal como o nome indica, refere-se à alimentação que vem completar o alimento principal, o leite;
desmame precoce - sempre que um bebé deixa de beber leite materno mas que há necessidade de substituir por outro leite, ainda em pó ou outro aconselhado pelo médico assistente;
desmame natural - quando a criança deixa de procurar o leite materno e não é preciso substituir o mesmo (sabem que nós humanos somos os únicos mamíferos que continuam a consumir leite depois deste desmame, ainda por cima de outra espécie... Mas isto, como é socialmente aceite, já está bem... As mentalidades já estão felizmente a mudar, talvez pelo aparecimento de cada vez mais pessoas intolerantes.)
Depois destes termos bem revistos temos de pensar noutros "pormenores" que dão força às directrizes da OMS:
Aos 4 meses o bebé já se senta? Por norma, ainda não. A grande maioria dos bebés começa a sentar-se, com algum apoio apenas aos 6 meses.
Quando é que desaparece o reflexo da protusão da língua (comportamento inato que leva a que o bebé empurre com a língua tudo o que tentamos por-lhe na boca)? Por volta dos 6 meses!
Quando é que o bebé começa a conseguir levar com as suas próprias mãozinhas coisas à boca? Adivinhem lá... Aos 6 meses.
Ou seja, tudo na natureza humana aponta para a altura ideal de se iniciar a alimentar complementar - aos 6 meses.
Por estas e por outras é que não consigo perceber porque se insiste tanto em iniciar a alimentação complementar antes do tempo! Chega a ser doentio! Claro está que nunca ninguém morreu por se iniciar antes disso e muitas famílias existem que, mesmo sendo informadas correctamente, têm de começar antes por causa do regresso da mãe ao trabalho. Nem conseguem extrair leite ou no local de trabalho ou fazer um stock antecipadamente que garanta a alimentação do seu filho em exclusivo e nesse caso há que iniciar as sopas ou as papas (conforme a indicação que tenham do médico) para que estas substituam o leite materno naquele período. Mas se se sabe que é o melhor para a criança, quer para o seu sistema imunitário quer para o desenvolvimento de uma relação saudável com os alimentos ao longo da sua vida. Sim, porque sabe-se hoje que comportamentos patológicos como a compulsão ou a evição alimentar resultam de uma introdução alimentar disfuncional, porque não se "respeitaram" os sinais do bebé. Quem é que nunca ouviu alguém a contar que teve de agarrar nos braços da criança para conseguir que comesse mais umas colheres de sopa ou que punha a colher na boca e depois a chucha, para a "enganar"... Longe de mim estar para aqui a fazer juízos de valor a quem, por desconhecimento ou medo de fazer o filho passar fome, o tenha obrigado a comer (só Deus sabe o que se passa na cabeça de uma mãe que tem um filho que só fecha a boca) mas há que fomentar uma boa relação com a comida. Como? Deixá-lo explorar e decidir o que e quanto comer. Acreditem que o vosso bebé é sábio. Sabe exactamente a quantidade de comida de que precisa. Hoje só comeu duas colheres? Amanhã come mais. Não gostou de banana? Experimenta-se a maçã...
Outra coisa que me tira do sério, que chego a ficar com os pêlos da nuca em pé, é definirem em MLs a quantidade que a criança tem de ingerir por refeição. Uma coisa é darem uma estimativa para a mãe não se perder outra coisa é dizerem que uma criança tem obrigatoriamente de ingerir x de sopa + x de fruta. Se nós adultos comemos até ficarmos saciados, por exemplo eu não como a mesma quantidade de comida que o meu marido, porque raio é que um bebé tem de comer exactamente aquilo que os manuais estipulam. Se as contas estivessem bem feitas talvez não houvesse tanta obesidade infantil... Nem todos temos de estar no percentil 50 ou 90 por isso eles também não. Confiem nos vossos bebés porque nunca se ouviu falar de nenhum que tenha morrido de fome, com comida à frente. Se é desafiante ter uma criança que não come ou que come muito mal? Com certeza que é! Mas imaginem o que é terem alguém sempre a obrigar-vos a comer, quando não têm fome.
Por tudo isto resolvi passar a partilhar aqui na chafarica algumas receitas (a imagem da publicação corresponde aos ingredientes da primeira sopinha do Mateus), dicas e experiências cá de casa no que diz respeito à hora da paparoca e à introdução dos alimentos que acham?
Não pretendo ser, de forma nenhuma, uma sumidade ou autoridade na matéria mas tenho assistido a tanta "desinformação" e recebido tantos pedidos de ajuda que decidi criar esta rubrica.
Ah como eu que teria gostado de ter tido esta ajuda "primeira volta" =P
Há uns dias, em conversa com uma pessoa com quem me cruzo quase diariamente e com a qual troco sempre umas palavrinhas (ahhh e tal como vai a vida? vai bem obrigada, e a sua?), dizia-me:
"Já viu que está sempre bem disposta?!"
"Eu?! Sempre bem disposta?! Nem por sombras..."(Olha-me este... Deve tar tolo, só pode! Quem me dera estar sempre bem disposta!)
"Não me lembro nunca de a ver com má cara ou de ter uma má resposta. Encontra sempre alguma coisa simpática e positiva para dizer ou fazer..."
Com certeza que não se cruzou comigo hoje de manhã, que estava cá cum camadão de nervos, sono e má figadeira que até me estava a irritar a mim própria nem há uns anos tampouco, altura em que vivia com o espírito de que todos me deviam e ninguém me pagava, sabem como é? Vivia com o rei na barriga, eu é que sabia e respondia sempre com 4 pedras na mão. Nem sei como tinha amigos na altura (mas quem é que aturava uma gaja insuportável assim? Vá, não saiam já todos do buraco, seus ratos, que eu também vos aturei muito, tá?=P) mas fiquei cá a matutar no assunto: será que sou mesmo assim? Sempre bem disposta ou é só a impressão que dou aos outros?
Ora, não sou especialista na matéria mas assim de repente diria que as porradas que a vida se encarregou de me dar moldaram à cacetada o meu feitiozinho de merda (não é que não o continue a ter, mas digamos que está mais "aceitável") fazendo com que me esforce quase sempre (quando a sanidade mental me permite, claro) para olhar para o copo meio cheio. Percebi, à marretada, que não ganhamos nada em nos arreliarmos com as coisas que não controlamos. Por exemplo, rebenta-se um pneu ou rebocam-nos o carro, de que adianta ficar a lamentar "só a mim é que acontecem destas coisas", "ai agora o que é que eu faço..."? De nada! Com essa atitude só conseguimos ficar mais enervados ou deprimidos... Sei que muitas vezes não controlamos estes sentimentos, pelos menos nos primeiros minutos depois de acontecer a "desgraça" mas depois temos mesmo de aprender a contornar a "cena", levantar a cabeça e ir atrás do prejuízo.
Se há coisa que estes quase 36 anos me trouxeram foi a serenidade e o poder de encaixe para aceitar as más noticias, os percalços, pois só quando aprendemos a deixar de resistir aos problemas é que as respostas aparecem.
Se pensarem bem sobre o assunto é assim sempre! Só quando aceitamos a situação, seja ela qual for, é que conseguimos ver além dela e é aí que chega a solução. Claro está que o processo de aceitação varia directamente consoante o grau (chamemos-lhe assim) do problema, mas a partir daí são "peaners" como diria o outro.
Foi neste processo de transformação interior, com o alto patrocínio da maternidade, que descobri o Mindfulness (sim, fiquei mais calma mas amorfa não. Por isso para aquelas coisas que ainda me fazem ferver o sangue tive de encontrar estratégias para me defender) .
"Prontos"! Agora quem não está comigo há algum tempo está a ter um piripaque a pensar que devo andar a chutar para a veia ou assim mas estejam sogaditos que não passa nada. Continuo a mesma birrenta de sempre, só que com outro jogo de cintura. Normalmente digo algumas C@&%&$#das mentais à moda da minha terra, que isso ajuda a descomprimir (daí se calhar a malta lá de cima ser mais extrovertida e bem disposta, lá está) e depois bola prá frente.
Resolvi crescer e deixar de sofrer tanto com coisas que nada valem e que não dependem de mim, porque essas não são importantes. O importante (e agora vêm a lamechice) é a família, os amigos e a saúde de todos. O trabalho não é importante?! Claro que sim, é ele que nos paga as contas e é com ele que nos inserimos na sociedade, mas será mesmo que temos de viver para o trabalho?! Não! Só seremos bons profissionais se formos pessoas felizes e equilibradas e quem vive só para o trabalho, dificilmente reunirá estas condições.
Bem esta "volta" toda para dizer que não, não estou sempre bem disposta. Sim, tenho os meus problemas mas tento não "descarregá-los" em cima dos outros (bem o meu maridão deve por esta altura estar a fazer uma mega careta a revirar os olhos mas com ele posso eu bem! Paulo, já sabes que as faíscas queimam sempre quem está mais próximo e tu tens sido o feliz contemplado =
P). E isso reflecte-se em tudo desde o trânsito, na forma como lido com os meus filhos ou até como cumprimento quem se cruza comigo diariamente, de tal maneira que pensam que estou sempre bem disposta quando ando muito longe disso (sabe Deus às vezes como vai a alma mas tento não contagiar os outros com a minha nebulosidade).
E então? Já tinham ouvido falar em Mindfulness? Gostavam de fazer um exercício prático, para testarem como funciona quando aplicado à minha maneira, ou seja, desabafando à moda do norte em primeira instância?
Então vamos a isto: Há más noticias do IRS?! C@$%&$# de M#$«@! Respira fundo, concentra, conta até 10, expira... Mas como é que vou ter de pagar este ano? E onde é que eu vou desencantar dinheiro para o fazer? £§@&%# AH, querias ir de férias de pulseirinha?! Ahhhgggrrrr F%#%»& d@ FRUT@!! Inspira, conecta com o teu batimento cardíaco, expira... Se calhar vais até alí à Caparica (e isto indo a nado que a ponte está a um preço que não se pode!) e já gozas. Que filh@ d@ putice peg@d@, grrrrrrrr. Enche o peito de ar, conta até 10. Melhor contar até 1000 ou até perderes os sentidos (o que acontecer primeiro, vá lá não sejas pieguinhas) que isto do Mindfulness funciona para tudo menos para o c@r@lho do fisco!!
Há 66 anos e um dia em hora incerta, que isto de se ter 12 filhos numa vida de lavoura sem dinheiro para relógio e a guiar-se pelo sino da igreja tem destas coisas, nasceu uma menina muito especial.
Desde cedo demonstrou ser lutadora e quando aos 10 anos tudo se encaminhava para abandonar a escola porque não havia dinheiro para mais (o pai era uma pessoa muito reta e como não podia ter os 10 filhos - porque houve duas perdas em tenra idade - a "fazer a escola toda", andavam só até à quarta classe e já se sacrificavam muito para isso), eis que a professora vendo o potencial da aluna lhe sugere escrever uma carta ao estadista nacional António de Oliveira Salazar. Nunca pensaram receber resposta, muito menos tão rápida e com ela veio uma bolsa para continuar com os estudos. Foi preciso sair de casa porque só havia liceu a cerca de 30 Kms e naquela altura, em Trás os Montes, significava muitas horas de viagem. E assim foi a rapariga dos vestidos de chita que herdava das irmãs mais velhas ,quer fosse Verão ou Inverno (era a mãe que os fazia e só conseguia comprar aquele fininho tecido porque os mais quentes eram muito mais caros), estudar para um colégio de padres e viver para uma pensão onde, apesar de pagar tanto como os outros, como era filha de gente humilde e só usava sapatos em dias de festa para não os romper, uma vez que ainda uma irmã mais nova para os calçar, era a última a ser servida e nunca podia repetir, mesmo que sobrasse.
Naquela altura nos meios rurais só estudavam os ricos, e rica era tudo o que ela não era por isso destoava muito dos restantes.
Depois de pagar o colégio, a pensão e as viagens, ainda sobravam cinco tostões que religiosa e orgulhosamente entregava aos seus pais como forma de agradecimento e pagamento pela sua falta - é que sabem, sempre eram menos dois braços a trabalhar na lavoura, quando à mesa uma sardinha tinha de dar para 3.
Esta moça foi crescendo e, apesar de ser das melhores alunas do colégio e de ter potencial para ingressar na faculdade (o "padrinho" ditador continuava a financiar o percurso dado o excelente aproveitamento), cansou-se de ser maltratada só porque sim, porque na altura não se falava em bullying e muito menos se dava importância aos sentimentos dos pobres, estava careca de não ter eira nem beira (de que lhe serviam os estudos se não os podia vestir ou comer?) e escreveu novamente a Lisboa a agradecer por tudo mas que desejava interromper os estudos para começar a trabalhar, afinal as irmãs tinham saído cedo de casa para "servir" e estavam a dar-se bem na vida porque apareciam na terra calçadas e com casacos.
Ela já tinha 16 anos e ainda vivia às custas da bolsa assim resolveu ir para o Porto, primeiro trabalhar como administrativa, depois como jornalista num semanário de onde foi despedida por receber mais que o director, em comissões de publicidade angariada para a página central. Desta altura contava peripécias como encontrar porcos a serem criados em banheiras no recém inaugurado bairro do Cerco...
Fura vidas, vingou como empresária de sucesso no ramo têxtil depois de ter ficado sozinha com uma bebé de 6 meses e com 7 contos no banco... Na altura 7 contos valiam mais que hoje mas para quem não tinha "rede" era assustador.
Podia ficar para aqui horas a contar os seus feitos, as suas conquistas mas acho que já perceberam que não há linhas, palavras nem parágrafos que reflitam a grandiosidade da "fera".
Mãe, no teu aniversário há festa por aí e por aqui porque é uma data que deve ser sempre celebrada. Todos aqueles que amaste, todos aqueles que tocaste, te celebram neste dia, um bocadinho mais que noutros. Sim, que não há dia que não me lembre que tenho de te contar as novidades, os meus medos e as proezas dos teus netos, mas há datas que vincam ainda mais as saudades. Estes dias são assim, "vincados".
Este ano ias ficar de beicinho porque o meu clube fez mais pela vida que o teu, mas não te preocupes que o teu genro está a fazer a cabeça dos putos de tal forma que a Madalena já sabe o hino e tudo. Sim, aquele hino que punhas a tocar em altos berros na aparelhagem sempre que me querias irritar ou arrancar da cama aos domingos de manhã - só papoilas saltitantes cá em casa, a minha cruz como vês continua :P
Tem uma certa graça ver que a festa do campeonato foi feita no mesmíssimo sitio onde há 26 anos celebraste junto dos familiares e amigos mais próximos a entrada nos entas. O que me ri ao ver a tua cara quando puseram a musica do Paco Bandeira a tocar. Karma minha mãe. Dói não dói quando nos "dedicam" músicas da treta? Ao menos eu podia fugir para a casa de banho! :P
Parabéns minha mãe! Uma beijoca muito grande da tua pituca. <3